O que tem a ver Psicanálise e diversidades? Desde Freud, sabemos que o inconsciente rege nossa vida psíquica, somos divididos subjetivamente e sempre tem algo que nos escapa à consciência. A psicanálise, ao especificar a singularidade do sujeito, reconhece a diversidade na constituição mesma da subjetividade humana – se somos singulares, somos diversos. Todavia, é importante ressaltar que essa constituição só acontece no campo social, ou seja, na cultura. Parte dessa subjetividade funciona de modo inconsciente e se expressa por diversos caminhos pulsionais frente às diferenças entre os segmentos das classes sociais, as raças e etnias, os gêneros, as formas de religiosidades e outras formações culturais.
Dessa perspectiva, Freud propõe o conceito de ‘narcisismo das pequenas diferenças’, em 1921, no artigo “Psicologia das massas e análise do eu”, no qual analisa a sociedade europeia pós primeira guerra mundial e o surgimento de uma intolerância em relação à diversidade humana. Questiona-se: será que algo semelhante pode estar acontecendo no mundo contemporâneo? Para refletir sobre esta e outras questões relevantes, o CPPA propõe a realização deste evento.
No XXII Congresso Brasileiro de Psicanálise, realizado em Salvador, em 2017, discutiu-se “Assim caminha a psicanálise”, com temáticas atuais e indagações, como: o que nós, psicanalistas, temos a dizer diante das transformações que os modos de vida, a subjetividade, as instituições e a civilização vêm sofrendo, a partir do campo discursivo inaugurado por Freud? Para continuar as discussões frutíferas lá iniciadas, o CBP propôs ao CPPA assumir tarefa de realizar XXIII Congresso em Belém do Pará, na região Norte, onde se identifica um forte desejo de transmitir a psicanálise e discutir temas igualmente instigantes que comparecem na atualidade. Na nossa realidade amazônica, vivemos num cenário que demanda maior reflexão dentro da especificidade regional atravessada pelo mal-estar na cultura, que se reflete na saúde dos indivíduos, no crescimento do sofrimento psíquico.
Pensamos que a Psicanálise pode se oferecer a este chamado, com a proposta de discutir o tema: “Psicanálise e Diversidades: Inconsciente, Cultura e Caminhos pulsionais” suas formas de enfrentamentos e posicionamentos, com os eixos temáticos como Psicanálise e cultura; Psicanálise nas instituições; Diversidade e alteridade; Sexualidades e mudanças discursivas; Psicanálise e violência; Etnias e Psicanálise e Psicanálise e o mundo virtual.
Acreditamos que a Psicanálise tenha muito a contribuir, com sua posição ética que transita pela clínica de todos os tempos.